☄️ FELIPA CRÍTICA: FLORES & CAOS

A primeira minissérie criada por Guilhardo Almeida segue com o universo da novela "Corrompidos", só que dessa vez não dando tanta abertura para a sua produção mãe. A trama que foi escrita em quatro capítulos, com uma divulgação surpresa, trouxe um romance clichê que terminou na mais deliciosa tragédia. Isso é um bom sinal? 


Quando falamos em tramas rurais, pensamos logo nas sagas que foram eternizadas pelo Benedito Ruy Barbosa e que estão ganhando remakes desde 2022. A produção que vamos criticar não se assemelha tanto ao que Barbosa tinha como proposta, mas tem o âmbito rural como background da trama. 

A minissérie que é oficialmente um spin-off da novela de sucesso "Corrompidos" (2023), apresenta uma história simples, batida e sem muitos rodeios. 

[ALERTA DE SPOILER]

A trama conta a história de Catarina e Emílio, que são dois jovens completamente apaixonados pelas flores e isso acabou atraindo um pelo outro. São de famílias com realidades diferentes, mas isso não impediu que o amor deles se mantivesse firme. Após um jogo de intrigas e manipulação, a relação vai por água abaixo. Agora, eles e suas famílias vivem em pé de guerra onde o resultado final é fatal. 

O plot inicial da minissérie, nos remete as produções clássicas que envolvem amor proibido, rivalidades familiares e diferenças sociais, que afinal, são ingredientes perfeitos para um melodrama de sucesso e Guilhardo não fugiu disso. O autor utilizou os elementos certos para construir a narrativa de "Flores & Caos" que acabou se tornando mais um sucesso na sua carreira, só que em menor escala do que Corrompidos. 

Apesar de todos os seus elementos clichês e batidos, a trama é desenvolvida bem diferente. Esse romance proibido não é tão proibido assim, os personagens têm uma ambição que colocam em cima de sentimentos e a vontade de fazer justiça após uma derrota não é suavizado com frases de efeito como "vingança não leva a nada", o que tem para acontecer, realmente acontece e sem papás na língua. 

               Banner de divulgação da minissérie 

Os Dales são uma poderosa família que enriqueceu com plantações de frutos e cuidados com animais. Essa família é formada por José Dales (o pai), Mafalda (a mãe) e as filhas Catarina (mais velha) e Cínthia (mais nova). Eles aparentemente são numa família unida e feliz. Catarina namora um rapaz mais pobre, o Emílio, contudo, José Dales não proíbe essa relação, mas não é totalmente a favor. O patriarca dos Dales se mostra um homem compreensível, apesar de rigoroso. 

A outra família são os Candarnos, nela temos Julieta (a mãe) e os seus três filhos (em ordem do mais novo para o mais velho): Evandro, Emílio e Eliseu. Emílio é apaixonado por Catarina e também ama as flores, é a partir daí que nasce o grande conflito da produção. Catarina ganha de presente do pai um terreno fértil e é nesse terreno que ela comeca uma plantação de flores e oferece uma sociedade a Emílio, juntos o casal segue prosperando e realizando o seu sonho. É nesse momento que o melhor personagem da narrativa entra em ação, Eliseu. 

Eliseu é um típico antagonista que pode ser enquadrado como o grande vilão, mas se engana quem quer estereótipá-lo dessa maneira. Eliseu não mostra com palavras, mas suas ações podem ser justificadas com seus sentimentos. Ele representa aquela garra de vencer na vida, algo que nos assemelha. É claro que o rapaz usa meios baixos como mentira e manipulação, além de toda a sua sedução. É desse jeito que ele vai amarrando a trama e consegue criar uma rivalidade que é o motor da narrativa. Eliseu é um personagem cheio de nuances, que agiu mais contra o mal do que contra o bem, mas é injusto falar que ele não pensou na família, ele foi além disso. 

O amor exagerado e cafona de Catarina e Emílio foi importante para que a gente comprasse a proposta de Almeida, com uma trilha sonora batida e um amor gritando pelo clichê, sentimos pena quando o casal se separou e uma aflição quando a Catarina foi roubada. 

O grande momento da minissérie está na morte de José Dales. Toda a sequência que ele descobre o suicídio de Cínthia, em que o Eliseu é culpado e vai acertar as contas, mas acaba sendo assassinado, isso é magnífico. Foi muito bem escrito, desenvolvido de uma maneira eletrizante, para os nossos olhos ficassem vidrados naquilo. 

A Catarina também evoluiu bastante durante a minissérie. De uma jovem boba a uma mulher fatal. O crescimento dela foi bem construído e não deixou a desejar a nenhum personagem das grandes histórias da televisão. 

Alguns diálogos soaram bastante clichês e previsíveis, mas isso enriqueceu ainda mais o melodrama rural. O que faltou em "Flores & Caos" foram mais dois capítulos para o desenvolvimento dos conflitos internos de personagens como o "Evandro" e os novos amores dos protagonistas, o "Arthur" e a "Sueli". 

O roteiro de Guilhardo é carregado de romantismo, dor e reviravoltas. Não estamos lidando com nenhuma trama inovadora, mas o autor soube conduzir a  minissérie de uma forma que parecesse uma saga familiar em que a qualquer momento, tudo pudesse acontecer e realmente foi isso, afinal, tivemos de tudo em 4 capítulos: amor, humor, suspense, suicídio, assassinato, incêndio, vingança, justiça, reviravoltas e muitos outros elementos que acrescentaram para Flores & Caos. 

Não dá pra chamar a produção de rasa, afinal, a sua proposta não pede por aprofundamento de personagens, é como eu já disse, é um folhetim melodramático, só que com personagens esféricos. 

A produção criada por Guilhardo Almeida é um melodrama forte, com uma raiz no folhetim. Ela possui uma narrativa mais contida, mas não deixa de acertar e ser ágil na medida que a história avança. A trama tem bons personagens, ótimos conflitos e a chance da continuação ser ainda melhor.


LEIA A MINISSÉRIE AQUI

Comentários

Postagens mais visitadas