☄️ FELIPA CRÍTICA: TOPÁZIO

A grande estreia do mês passado foi a novela "Topázio", exibida pela Estúdio Webs, criada por Liz Santos e escrita por Jheff Reis. A trama que tem como plano de fundo um poderoso diamante, traz algumas questões, mas a maior delas eu que proponho: quando a lapidação deve parar? 

                      Logo oficial da novela

A emissora de Liz Santos está apostando bastante em materiais inéditos e isso é muito louvável. As emissoras de hoje em dia precisam sempre apostar no novo, mesmo que apresente os clichês de sempre. Não precisam me falar de clichês e novo, nada dessas desculpinhas. Existem sim como fazer diferente usando os clichês. Tudo depende do desenvolvimento. 

A trama é uma nova vingança que está sob os holofotes do mundo virtual, mas que vingança é essa? Quais suas motivações? Até onde são os limites? Vamos conhecer a história da trama. 

                     A protagonista da novela

No início da adolescência, Beatriz (Bita) perde seu pai Robério. Anos depois descobre que a morte do seu pai foi por negligência dos patrões dele Marcelo e Regina que o acusaram de roubar o diamante Topázio. Bita acredita na inocência do pai e promete vingança. 

Por ironia do destino consegue um trabalho como babá na casa da família Topázio. Lá ela luta para descobrir os segredos da família e destruir com todos. Bita conta com a ajuda de Ítalo, sobrinho de Marcelo e Agnes, irmã de Marcelo. Os dois querem algo na empresa de Marcelo e passaram a chantagear Lucas. Bita descobre segredos e consegue a vingança que tanto planejou.

               Banner de divulgação da novela 

O que temos em Topázio? Vejamos bem, a trama apresenta uma estrutura sólida e com a clara narrativa clássica. Não tinha como errar? ERRADO! Tinha e teve. O fato de apresentar uma boa estrutura e uma narrativa sem muitas dificuldades, não significa que está livre de erros. Eu não me refiro a formatação de Topázio, mas sim problemas estruturais que já foram escancarados no primeiro capítulo. 

Na introdução desse post, eu falei sobre lapidação, talvez esse seja o principal fator que faltou na trama: ela ser lapidada. 

A trama começa no passado de Beatriz, começa a contar a história desde o começo e nos envolver nos seus personagens com suas características. As apresentações iniciais foram bem feitas e bem introduzidas, assim como boa parte do capítulo, tivemos uma apresentação interessante. O grande problema é que tudo parecia um tiro no escuro. 

Um bom primeiro capítulo é feito com boas apresentações e bons desenvolvimentos. Foi a segunda opção que faltou na trama escrita por Jheff Reis. Um capítulo extremamente corrido e com as coisas acontecendo para fisgar leitor de qualquer maneira. Não é por aí, isso é a maneira equivocada para conquistar um público de uma novela, ainda mais uma trama como Topázio. 

Na primeira cena, já conhecemos o conflito inicial da família Topázio: falência. A única opção deles é um diamante, opção essa que seria a solução perfeita para os problemas deles. Acontece que Marcelo, o patriarca da família decide vender o diamante, mas antes pede para Robério guardar, um dos empregados da casa. A construção do primeiro capítulo fica em cima da expectativa desse diamante, mas tudo é feito de uma maneira tão corrida que não existiu construção. Eu poderia até dizer que foi uma das maiores conveniências de roteiro que eu já li na minha vida. 

A gente sabe que a Beatriz quer se vingar dessa família, mas o motivo para a vingança precisa ser coerente, justo e sem furos. O motivo pode até ser isso, mas o que ganharia o Marcelo incriminando um pobre empregado? Não faz sentido essa acusação, não faz mais sentido ainda ele pedir para o empregado guardar algo tão valioso assim. Tudo bem, queremos que a Beatriz se vingue e ela tem motivo, mas a falta de construção em cima desse motivo foi muito grande. 

A morte do personagem Rogério foi bem estranha de se acompanhar. O conflito entre ele e a sua mulher é até interessante, mas ficou uma lacuna na apresentação deles até a morte do dito cujo. Já no segundo capítulo, os conflitos do primeiro já começaram a ser resolvido. A prisão de Agnes e a morte de Robério foram o destaque. Jheff desacelerou um pouco, mas continua atirando no escuro. O desenvolvimento segue precário e decepcionante. 

Em Topázio, temos uma estrutura forte e uma narrativa clássica com muita potência. Existem personagens com força narrativa, mas esse início da trama me deixou a desejar em muitos pontos. Na série "Um Novo Rei", Jheff se mostrou mais eficiente no desenvolvimento, ainda que tivesse pontos para melhorar. Já com Topázio, Jheff mira em vários pontos, mas não acerta muitos positivos. O clima de mistério e de dilemas mal resolvidos me encanta a continuar acompanhando a novela, mas é preciso lapidar ainda mais essa trama para que ela fique consistente. 

Topázio não é uma completa decepção, os erros desse início podem ser compensados com uma trama futura mais coerente. A produção tem o que é preciso para ser um novelão, mas falta o necessário para sair desse diamante bruto: lapidar ele.

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