☄️ FELIPA CRÍTICA: NO RITMO DA VIDA

A primeira novela inédita da ONTV estreou e chamou bastante atenção. Colocou a emissora e o autor nos holofotes do Mundo Virtual, trazendo como temática o funk dos anos 90. Agora, será que acertou na temática ou passou do tom? 

                       Logo oficial da novela

Assim que o João Vitor Alves foi anunciado como um dos autores da ONTV, criou-se em entusiasmo por obras novas, afinal, apesar da DNA ser o que foi, a emissora tinham bons talentos e Miguel Rodrigues. Alves era um dos autores promissores e com boas ideais, mas não tinha uma execução tão boa assim, como foi o caso da novela "O Dom de Amar". Com as críticas que ele havia recebido, o autor foi reformulando a trama e deixou ela mais bagunçada ainda. 

O autor retorna com um plot interessante, criativo e com muitos nuances, mas será que isso é o necessário para um boa novela? Humm... Não! O que falta para "No Ritmo da Vida" ser aquilo que se espera? Antes de saber mais, vamos conhecer o enredo da produção. 

A novela começa em 1998, a carreira das funkeiras Verinha da Lapa e Paula Popuza está deslanchando, mas uma briga acaba desfazendo a parceria da dupla. Verinha da Lapa se casa com Raimundo, mas o primeiro filho do casal é sequestrado. Anos depois, Paula Popuza, presa em uma carreira decadente, retorna à vida de Verinha e o regresso dessa figura promete mexer muito com o dia-a-dia da ex-funkeira.

                Imagem de divulgação da novela

Temos uma proposta de uma trama musical e envolvente, com composições de personagens fortes e bem próximos de uma realidade que conhecemos, além das inspirações de funkeiras da vida real. Entretanto, isso não quer dizer que a produção apresenta um bom texto e muito menos um roteiro instigante. 

O grande problema que acontece nesse primeiro capítulo é uma pressa em entregar o conflito que consta na sinopse, que acaba afetando TUDO na produção. Afeta o texto, afeta o desenvolvimento, afeta personagens, afeta narrativa, afeta estrutura, enfim, a novela é toda prejudicada por essa pressa que não tem necessidade de existir. A unidade do capítulo fica muito comprometida, com isso tivemos um capítulo mal escrito e com poucas chances de retornar para o próximo. 

Apesar da proposta ser interessante, vemos elementos fortes de tramas cariocas bem claros na estrutura, mas ao mesmo tempo, conseguimos pescar a intenção de Alves. O autor mergulha pelo universo de tramas das sete da Globo, ele mira em "Vai na Fé" (2023), mas acerta em "Verão 90" (2019). 

Em termos de comparação, o primeiro capítulo de "O Dom de Amar" foi melhor construído do que a novela em questão. As protagonistas são até interessantes, mas a falta de construção de suas personalidades e até mesmo um aprofundamento na relação de ambas, para assim desenvolver o conflito sem problemas, foi o grande B.O da trama. 

A novela não tem nada de confusa, ela é clara e objetiva, mas precisou de um capítulo eficiente para nos apresentar o universo, coisa que não aconteceu. Não nos venha com essa desculpa que primeiro capítulo precisa ser pequeno: NÃO. Isso é desculpa pra justificar o erro. O problema da trama não está no tamanho do capítulo, está na condução do autor. Entendam de uma vez, o problema nunca será o tamanho dos capítulos, mas sim como são feitos. O capítulo poderia ter 40 páginas, mas se fosse feito da maneira que foi, ele ainda estaria errado. 

O autor se sustenta pelo carisma das protagonistas, isso é inegável. Tanto Valesca, quanto Paula, são duas personagens bem boladas e que podem encantar se tiverem um desenvolvimento à altura. Nesse momento, não só elas, mas como qualquer outro personagem pode se perder com uma condução que não valorize as relações, o aprofundamento do conflito e tudo que é de suma importância para finalizar um trabalho com maestria. 

João Vitor Alves tem boas ideias, uma criatividade admirável, só não soube executar em ambas tramas citadas aqui na crítica. Talvez a novela precise reforçar o conflito, trabalhar mais essa unidade temática que o autor apresentou e ir com calma. É como dizem: a pressa é inimiga da perfeição. 

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