☄️ FELIPA CRÍTICA: O TROCO

Uma das atuais tramas da Ranable é assinada por Ezel Lemos e traz vingança como uma das temáticas. A novela se propõe a apresentar uma boa história, mas será que cumpre isso mesmo? 

                       Logo oficial da novela

Quando falamos em vingança ou justiça, logo pensamos em tramas com um fôlego enorme, narrativas extremamente ágeis e personagens mostrando todos os seus lados. Apesar de todas as características, a novela "O Troco" trouxe um início duvidoso e pouco animador, mas nem tudo são desastres. 

Antes de começar essa crítica, vamos conhecer a história dessa novela. A trama conta a história de Lis, ela é uma jovem deficiente visual que sofre um grande golpe. A jovem vive com os tios Elvira e Samir, dois ambiciosos que só pensam em ficar a fortuna da sobrinha. Frágil e sensível, Lis acaba se apaixonando por Rodolfo, que às vésperas do casamento a abandona misteriosamente, levando consigo, boa parte da sua fortuna. Enganada, roubada e desiludida, Lis parte para uma jornada de vingança, disposta a tudo para conseguir dar O TROCO no homem que lhe fez sofrer.

A produção apresenta uma premissa muito rica, dinâmica e promissora, apesar de ser recheada de clichês, dos mais batidos possíveis. Entretanto, ter clichês nunca foi um problema, quando o autor sabe utilizar e nos apresentar uma trama de vingança saborosa, como foram os casos de "Corrompidos" (Guilhardo Almeida) e "Juízo Final" (Weslley Vitoritti), ambas do Mundo Virtual. 

Ainda na premissa de "O Troco", a produção apresenta uma certa consistência, mas a partir do primeiro capítulo, a maioria dos pontos positivos encontrados no argumento são desfeitos como manteiga no sol. 

O primeiro capítulo é extremamente apresentativo, quase uma edição contemplativa, podemos dizer que é a introdução de um livro ou até mesmo, o trailer de um filme. A trama se recusa a aprofundar os personagens e só os apresenta da forma mais rasa possível. Não está errado em apresentar os personagens, os seus conflitos, dilemas e desejos, isso já era esperado, mas faltou muito mais, na verdade, faltou o essencial: motivo para continuar acompanhar a trama. 

Um primeiro capítulo não serve apenas para apresentar os personagens e seus conflitos, mas também para amarrar os leitores e nos convencer a continuar seguindo a narrativa, coisa que não aconteceu em momento algum. 

A Lis é uma protagonista simpática e carismática, ela não é uma personagem inocente e isso já nos alivia, digo mais, talvez ela tenha sido o ponto forte da estreia, toda a sua personalidade e sua intuição. Apesar de ser cega, isso não impediu de ser corajosa e firme, quando se trata de lidar com os tios, Samir e Elvira. 

Falando nos ditos cujos, os dois são dois vilões extremamente caricatos e chatos de se acompanhar, em todas as cenas deles, ambos passam a impressão de serem vilões de "Sítio do Pica-pau Amarelo", são tão caricatos que seus passos são previsíveis. Analisando esse cenário, a novela terminaria em 5 capítulos, visto que eles são vilões sem muita força e Lisa é esperta, não tem porque prolongar esse assunto. Ah não ser que o autor transforme a Lisa em uma completa idiota, para parecer que os vilões sejam realmente bons, coisa que João Emanuel Carneiro fez em "Todas As Flores", trama do Globoplay, que tem elementos presentes em "O Troco": protagonista deficiente visual e vingança. 

              Novela de sucesso do Globoplay 

Os primos da protagonista, Kaíque e Kátia, são personagens interessantes, mas assim como todos os outros, não foram aprofundados e não foram tão interessantes a ponto de nos fazer acompanhar. 

O personagem Rodolfo se mostra interessante também, mas logo não demonstra tanta empolgação ao se mostrar tão apaixonado assim pela Lis só com um encontro. 

A novela apresenta uma narrativa clássica e simples, não tem onde se perder ou se questionar, mas a trama é sem força, tem uma estrutura óbvio, mas não apresentou grandes eventos no primeiro capítulo, dessa maneira acaba enfraquecendo a própria estrutura. 

O Troco teve um primeiro capítulo mal montado, com diálogos inconsistentes e previsíveis, além de vilões caricatos e sem muito alcance de grandes narrativas. A novela tem uma premissa boa e uma chance de ser ainda maior, mas pela sua apresentação, a produção afundaria rápido no esquecimento e não teria chances de uma segunda vez. 

Autores, lembre-se, se você for fazer um primeiro capítulo e com ele, você quer buscar público, não segura trama, use as suas armas. Quem te garante que o público vai voltar para ler o segundo capítulo? Ninguém! 


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